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Como tudo começou...


       "Tudo começou quando Cida fazia faxina na casa de uma senhora em Matias Barbosa, cidade próxima a Juiz de Fora. O filho de sua patroa era dono de um abatedouro, e, a pedido de Cida, começou a separar os restos de frango que não eram vendidos, e, muitas vezes, até mesmo jogados fora, para doar à faxineira. Cida, por sua vez, os distribuía entre as pessoas mais necessitadas do bairro.
No início 30 pessoas recebiam os pedaços de frango: pescoço, dorso, banha e pé de frango. Com o tempo, o dono do abatedouro notou a seriedade do trabalho e passou a separar uma quantidade maior para que mais famílias pudessem ser atendidas. A procura foi tanta que levou Cida a criar uma ficha de cadastro para o controle das doações. Quando a fundadora da Mão Amiga recebia uma quantidade extra de frango ligava do orelhão do bairro para outras comunidades pobres irem buscar as doações.
A atitude despertou a atenção do dono de outro abatedouro em Juiz de Fora, que, ao conhecer o trabalho realizado por Cida, resolveu também doar vários quilos de pedaços de frango. Cida chegou a receber e repassar uma tonelada da carne branca à comunidade de baixa renda. O projeto alcançou o número de 700 famílias cadastradas e foi aquele em que a Mão Amiga teve o maior número de beneficiários.
Além do trabalho social, Cida se aproximou dos moradores da região e passou a ser conhecida por outras entidades beneficentes da cidade por ter sido presidente da Associação de Moradores do bairro Vila Olavo Costa durante oito anos.
Após permanecer 15 anos no local, a Mão Amiga passou a atuar no bairro Santa Rita. Até então a instituição não tinha uma sede, a distribuição das sobras de frango, por exemplo, era realizada na varanda da casa de sua ex-sogra. Já os encontros aconteciam informalmente na casa de Cida ou em outras localidades.
Quando a Mão Amiga completou 22 anos, o jornal Tribuna de Minas realizou uma matéria com a fundadora da instituição. Na reportagem Cida relatou seu sonho em ter uma sede para atender os assistidos e poder acolher os voluntários que trabalhavam em nome da entidade. Ao ler a notícia, um juiz da cidade, que prefere manter seu nome e trabalho no anonimato, procurou Cida e se comprometeu a pagar o aluguel do imóvel que ela escolhesse para se tornar a sede da organização.
Cida optou por uma casa no bairro Ipiranga que funciona até hoje como a sede da Mão Amiga, e o aluguel continua sendo pago pelo juiz. O local permanece aberto para atender a comunidade de segunda a sexta, entre as 8 horas e as 18 horas, e aos sábados, entre as 8 horas e as 14 horas. Na sede da entidade são disponibilizadas atualmente consultas jurídicas e outros atendimentos com profissionais voluntários, como fonoaudióloga e professoras.



A residência alugada possui cinco cômodos, entre eles, três salas pequenas, uma cozinha e um banheiro. Além de uma área externa onde geralmente ficam as doações de móveis.



Entre os cômodos existe uma pequena biblioteca, chamada ‘Cantinho da Leitura’, local aberto às crianças da comunidade para o estudo ou utilizado para aulas de reforço escolar.



Os recursos da Mão Amiga provém de fontes internas e externas. Internamente, a instituição mantém um bazar que recebe doações de roupas, calçados, móveis e eletrodomésticos que são vendidos a um valor simbólico para contribuir nas despesas. O bazar funciona em um cômodo alugado há poucos metros da sede, do outro lado da rua. Além do aluguel do bazar, a entidade paga suas contas de água, luz e telefone.



Externamente, a Mão Amiga realiza bingos beneficentes com renda revertida para a instituição e conta com os carnês de doação. Estes são entregues a pessoas que doam uma quantia mensal para ajudar a pagar as contas da entidade. O valor não é predeterminado e não existe cobrança, uma vez que os colaboradores doam de acordo com suas condições financeiras no momento. Atualmente apenas 15 pessoas contribuem com o carnê.



A Mão Amiga atende 250 famílias financeiramente carentes. Segundo informações da presidente da associação, esse número corresponde a aproximadamente 1.220 pessoas. Além de atender a comunidade do bairro Ipiranga, a entidade também presta serviços a outros bairros da cidade, como a Vila Olavo Costa, Santa Rita, Santa Cruz e Jóquei Clube I; e ainda a pessoas de cidades próximas a Juiz de Fora, como Matias Barbosa e Rio Preto.
Para se cadastrar e receber a ajuda da instituição, as famílias interessadas passam por um processo chamado 'sindicância'. O objetivo é verificar a real necessidade do atendimento e assim priorizar os casos mais urgentes. Alguns voluntários vão até a casa dos interessados e ao confirmarem que a família realmente precisa de atendimento, o cadastro é realizado e o representante da família recebe um cartão de identificação.
A cada seis meses este cadastro é atualizado para que outras famílias possam ser contempladas com o atendimento. Assim, há um rodízio conforme a urgência de cada caso. Todo esse processo é feito à mão, pois a entidade não possui computador. Essa situação torna o trabalho lento e exige atenção redobrada por parte dos responsáveis pelo cadastro, atualmente sob os cuidados da secretária Virgínia e da própria Cida.


O encontro entre as famílias cadastradas e os voluntários ocorre por meio de uma reunião mensal, chamada reunião dos assistidos. A presença de um representante de cada família assistida nessa reunião é obrigatória, assim como a apresentação do cartão de cadastro. A responsável confere o cartão de um por um e, em seguida, outro voluntário entrega a doação disponível.



Outra forma de auxiliar as famílias da comunidade é através do apadrinhamento. Para ser padrinho de uma família, o interessado deve ir até a sede da Mão Amiga e pegar um carnê se comprometendo a contribuir com uma quantia mensal de sua escolha. Diferente do “carnê de doação” que visa ajudar a quitar as contas da entidade e não tem um valor fixo, o dinheiro doado pelo carnê dos padrinhos é destinado às famílias necessitadas e o padrinho determina uma quantia fixa e se compromete a doar mensalmente.



Além disso, a instituição realiza várias campanhas ao decorrer do ano para obter doações e distribuir entre as famílias cadastradas. A partilha muitas vezes é também entre aqueles que não estão cadastrados, mas procuram a Mão Amiga com necessidades urgentes. Como, por exemplo, mães que não têm leite para dar aos filhos pequenos.





(...) Todavia, não é somente de trabalho assistencial que a Mão Amiga se constitui. A entidade oferece à comunidade atividades culturais para jovens e adolescentes, como aulas de violão e capoeira. Além de disponibilizar cursos profissionalizantes, como os cursos de manicure, cabeleireiro, fabricação de doces artesanais, flores e material caseiro de limpeza (sabão, detergente e desinfetante). A Mão Amiga já formou 180 fabricantes de material de limpeza, 120 manicures, 60 cabeleireiros e ainda 25 doceiras e 25 floristas.


           

Dessa forma, a entidade disponibiliza ferramentas que permitem aos assistidos transformar suas vidas. No entanto, atualmente nenhum curso está sendo oferecido. Há uma carência de produtos e materiais para dar suporte aos cursos de manicure e cabeleireiro; no caso das aulas de violão falta disponibilidade dos professores e para as aulas de capoeira falta espaço na entidade. Por este motivo, Cida tem a intenção de mudar a sede da Mão Amiga para um local maior, para melhor atender aos assistidos e ter espaço para realizar as atividades que são destinadas a toda a comunidade (...)".


Trechos do Trabalho de Conclusão de Curso "A comunicação comunitária e as instituições sem fins lucrativos: O caso da Sociedade Beneficente Mão Amiga" escrito por Jordana Carvalho Moreira (Faculdade de Jornalismo/UFJF/2014).

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Além de doar   alimentos,   leite   e   roupas, você também pode contribuir com   dinheiro. O valor é determinado por   você, é o chamado apadrinhamento , destinado ao auxílio das   famílias necessitadas   atendidas pela   Mão Amiga. Pode-se doar também através do   carnê de doação , que é uma doação mensal direcionada para pagar as contas da entidade. Doando qualquer valor você vai proporcionar uma condição de   vida melhor   para mais de   200 famílias   e   80 crianças   atendidas pela entidade. Quer conhecer nosso trabalho de perto? Faça-nos uma visita ! DOAR É UM ATO DE SOLIDARIEDADE! Para doar entre em contato com a   Mão Amiga   através do telefone: (32)   3061-0265.  Ou se preferir vá até a nossa sede localizada na   Avenida Darcy Vargas, n° 87, bairro   Ipiranga,   Juiz de Fora - MG